De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5; APA, 2013), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno de neurodesenvolvimento que engloba déficits na comunicação, habilidades sociais e comportamentos repetitivos. Entretanto, durante muito tempo, as mulheres autistas foram negligenciadas, gerando lacunas significativas nos estudos sobre o TEA.
Esse desequilíbrio resultou em subdiagnósticos históricos, privando essas mulheres do apoio necessário para enfrentar seus desafios. Para corrigir essa omissão, é imperativo atualizar nosso entendimento sobre o autismo feminino, buscando inclusão e apoio adequado para todas as pessoas no espectro.
Embora se tenha perpetuado a ideia de que o autismo é mais prevalente em homens, evidências recentes têm desafiado essa noção. Estudos apontam para uma proporção mais equitativa entre os sexos, com uma análise sugerindo uma relação de 3,25 para 1 entre meninos e meninas autistas.
Subdiagnóstico
As mulheres autistas enfrentam subdiagnóstico por uma série de razões, incluindo estereótipos de gênero, a tendência de mascarar sintomas e padrões comportamentais distintos. Esses fatores contribuem para uma compreensão limitada do autismo feminino, dificultando o acesso a serviços e intervenções apropriadas.
Características do autismo em mulheres
É crucial estarmos atentos aos sinais de autismo em meninas e mulheres desde a infância, os quais podem ser identificados com precisão. Entre esses sinais estão:
- Dificuldade em estabelecer amizades e manter relacionamentos sociais;
- Foco intenso em interesses específicos, como animais ou personagens de desenhos animados;
- Comportamentos repetitivos ou rituais, como contar ou organizar objetos de maneira particular;
- Expressão mais passiva e silenciosa em comparação com meninos autistas;
- Dificuldade em interpretar ou expressar emoções e sentimentos.
No entanto, é conhecido que muitas mulheres autistas só recebem o diagnóstico na idade adulta, após enfrentarem diversas dificuldades sociais e emocionais. Algumas características que podem apresentar incluem:
- Dificuldade em compreender e interpretar emoções alheias;
- Ansiedade social e desafios na formação e manutenção de amizades e relacionamentos;
- Interesses intensos e específicos em áreas como história, música ou arte;
- Foco excessivo em rotinas e rituais, com dificuldade em lidar com mudanças ou imprevistos;
- Dificuldade em se adaptar a ambientes sociais, preferindo locais mais silenciosos e controlados;
- Sensibilidade sensorial acentuada, manifestada por aversão a determinados sons, texturas ou sabores;
- Dificuldade em compreender metáforas e expressões idiomáticas comuns, bem como em interpretar sarcasmo e humor sutil.
Diagnóstico, acolhimento e inclusão
Infelizmente, a falta de compreensão da sociedade pode resultar em exclusão e estigmatização das mulheres autistas. Comportamentos que refletem suas necessidades individuais são mal interpretados, levando a julgamentos e isolamento.
É crucial que os profissionais de saúde estejam conscientes das diferenças no autismo feminino e trabalhem para oferecer suporte adequado. Aumentar a conscientização sobre as experiências das mulheres autistas é essencial para que possam alcançar seu pleno potencial e viver vidas significativas.
O autismo é um espectro diverso, e compreender essa diversidade é fundamental para promover a inclusão e o apoio a todas as pessoas afetadas pelo TEA.